Magno Barbosa Lima (baixo, vocais)
Rafael Cadena (vocais, guitarra)
Mek Natividade (bateria)
País: Brasil
Gênero: brazilian metal
Cangaço é uma banda única e quando digo única, é única mesmo. De uma sonoridade genial, carregando o metal brasileiro mais enraizado que tive oportunidade de ouvir até hoje. Confiram a banda e esta entrevista que fizemos com eles.
1. Olá, Cangaço! Gostaria de agradecer a vocês pela entrevista conosco do blog Oroborus. Procurando informações sobre a banda, encontramos que a Cangaço teve como nomes Omega e Vectrus desde seu início em 2010. Escolher um nome que represente vocês e a sonoridade que produzem é algo importante. Qual é a história por trás do nome Cangaço?
Cangaço: Nós que agradecemos, de todo coração! O nome surgiu da necessidade que sentíamos de retratar no nome da banda o que já vinha se manifestando nas composições e astral do grupo, refletir de onde viemos e o que somos. O Cangaço foi e é muito mais do que um movimento social e político, adentrando nas esferas espirituais como algo que fascina, apesar do dissenso sobre sua índole. Por isso nos inspira tanto.
2. As influências que trazem para a banda variam de Luiz Gonzaga e Sivuca à Sepultura e Nile. Como essas influências permeiam a sonoridade da Cangaço?
Cangaço: Naturalmente. Há músicas que gostamos de escutar independentemente do rótulo e respeitamos aqueles que fazem música que nos faz bem. O som que fazemos resulta das influências sonoras que permearam nossa história individual e coletiva. Juntamos os diversos ingredientes com o fim de realizar algo interessante pra nós mesmos e para quem se identificar.
3. Vocês são nordestinos, mais precisamente de Recife – PE. Tendo tomado conhecimento de um dos maiores festivais da região que é o Festival Do Sol, o que diriam da cena do underground na região?
Cangaço: Realmente temos alguns bons festivais por aqui. Além dos que você citou vale a pena lembrar o Abril Pro Rock (Recife), Palco do Rock (Bahia), Festival Mundo (João Pessoa), Festival de Inverno de Garanhuns e por aí vai. Todos esses oferecem uma ótima estrutura e espaço para bandas novas mostrarem seu som. Com relação aos shows locais e de menor porte, está um pouco complicado, pois falta investimento e há poucos produtores para fazer isto. Aparentemente é um problema nacional. Eventualmente surgem boas oportunidades, mas devido a situação está compensando mais as próprias bandas se juntarem e organizarem seus próprios shows. Assim que tivermos um tempo disponível vamos organizar alguma coisa.
4. A Cangaço já está na estrada desde 2010, certo? Como unir ao som que vocês produzem desde lá com conflitos da realidade contemporânea e história como temas das letras?
Cangaço: Assim como na esfera musical, a parte lírica se desdobra em assuntos que julgamos interessantes e enriquecedores do ponto de vista da construção da identidade social, carente e sempre ofuscada pela massificação da mídia e da intrínseca hipnose estadunidense, que tanto prejudica o autoconhecimento do Brasil como nação. A própria opção do uso do português nas letras foi uma resposta a essa necessidade de autoconhecimento e reflexão das nossas ideias no público que se identifica com as músicas.
1. Olá, Cangaço! Gostaria de agradecer a vocês pela entrevista conosco do blog Oroborus. Procurando informações sobre a banda, encontramos que a Cangaço teve como nomes Omega e Vectrus desde seu início em 2010. Escolher um nome que represente vocês e a sonoridade que produzem é algo importante. Qual é a história por trás do nome Cangaço?
Cangaço: Nós que agradecemos, de todo coração! O nome surgiu da necessidade que sentíamos de retratar no nome da banda o que já vinha se manifestando nas composições e astral do grupo, refletir de onde viemos e o que somos. O Cangaço foi e é muito mais do que um movimento social e político, adentrando nas esferas espirituais como algo que fascina, apesar do dissenso sobre sua índole. Por isso nos inspira tanto.
Da esquerda para a direita: Rafael Cadena, Mek Natividade e Magno Lima.
2. As influências que trazem para a banda variam de Luiz Gonzaga e Sivuca à Sepultura e Nile. Como essas influências permeiam a sonoridade da Cangaço?
Cangaço: Naturalmente. Há músicas que gostamos de escutar independentemente do rótulo e respeitamos aqueles que fazem música que nos faz bem. O som que fazemos resulta das influências sonoras que permearam nossa história individual e coletiva. Juntamos os diversos ingredientes com o fim de realizar algo interessante pra nós mesmos e para quem se identificar.
3. Vocês são nordestinos, mais precisamente de Recife – PE. Tendo tomado conhecimento de um dos maiores festivais da região que é o Festival Do Sol, o que diriam da cena do underground na região?
Cangaço: Realmente temos alguns bons festivais por aqui. Além dos que você citou vale a pena lembrar o Abril Pro Rock (Recife), Palco do Rock (Bahia), Festival Mundo (João Pessoa), Festival de Inverno de Garanhuns e por aí vai. Todos esses oferecem uma ótima estrutura e espaço para bandas novas mostrarem seu som. Com relação aos shows locais e de menor porte, está um pouco complicado, pois falta investimento e há poucos produtores para fazer isto. Aparentemente é um problema nacional. Eventualmente surgem boas oportunidades, mas devido a situação está compensando mais as próprias bandas se juntarem e organizarem seus próprios shows. Assim que tivermos um tempo disponível vamos organizar alguma coisa.
4. A Cangaço já está na estrada desde 2010, certo? Como unir ao som que vocês produzem desde lá com conflitos da realidade contemporânea e história como temas das letras?
Cangaço: Assim como na esfera musical, a parte lírica se desdobra em assuntos que julgamos interessantes e enriquecedores do ponto de vista da construção da identidade social, carente e sempre ofuscada pela massificação da mídia e da intrínseca hipnose estadunidense, que tanto prejudica o autoconhecimento do Brasil como nação. A própria opção do uso do português nas letras foi uma resposta a essa necessidade de autoconhecimento e reflexão das nossas ideias no público que se identifica com as músicas.
A arte de capa de 'Parabelo' vem de uma versão de pôster do filme
"Deus e o Diabo na terra do Sol", de 1964, dirigido por Glauber Rocha
5. Tenho percebido que atualmente muitas bandas têm optado por lançar mais de uma demo como trabalhos iniciais. Como foi idealizar e produzir as demos ‘Cangaço’ e ‘Parabelo’, ambas lançadas em 2010?
Cangaço: Lançamos essas duas primeiras demos num intervalo de 4 meses. O lançamento da primeira superou as nossas melhores expectativas de aceitação do público, culminando com a classificação para representar o país no Wacken Metal Battle de 2010, o que praticamente nos obrigou a gravar algo um pouco menos amador (a demo Cangaço foi gravada toda em casa, inclusive os vocais), para divulgação do trabalho na oportunidade de viagem ao exterior (o toque menos amador na Parabelo foi a gravação dos vocais em estúdio, mas ainda feita por nós mesmos, uma maior experiência de mixagem e um encarte mais apresentável). Antes do álbum ainda teve o EP ‘Positivo’ em 2011, que teve basicamente o mesmo processo de gravação da Parabelo, mais o excelente trabalho de mixagem de Walman Filho.
6. Quanto aos trabalhos mais recentes, a Cangaço teve o excelente full-length, ‘Rastros’, lançado em 2013. Como foi a experiência deste primeiro álbum para a Cangaço?
Cangaço: Um sentimento de que por mais trabalhos que se tenha lançado, uma banda só é verdadeiramente reconhecida se tiver lançado um álbum. Não que acreditamos ser uma verdade atualmente, mas era algo que sentíamos que precisávamos. Gravamos então, pela primeira, vez com guitarra e baixo em amps microfonados e bateria ‘de verdade’ (até então era programada e composta pelos 3 membros utilizando timbres de plugins). E pudemos sentir na pele a brutal diferença que causa no som. Por melhores que sejam as simulações, tivemos a prova de que há nuances e sonoridades que só se extraem da captação analógica, lição que carregamos desde então. Agradecemos imensamente a Rico Albino, multi-instrumentista-fora-de-série-prodígio de Recife pela gravação de diversos instrumentos na intro ‘Atrito’ (gravando tudo de improviso encarnando Hermeto Pascoal) e Ivo Lage, baterista e percussionista que idealizou conosco os arranjos de percussão nas músicas, sendo de um bom gosto e capacidade únicos. Ficamos muito satisfeitos com o resultado da captação do pessoal do Desalma (Renato e Mathias), que possuem excelente equipamento para esse trabalho, e pudemos contar mais uma vez com a mixagem e edição de Walman Filho.
7. Vocês foram finalistas do W:O:A Battle Brasil e embarcaram pra Alemanha pra tocar durante o Wacken Open Air, o que deve ter sido algo insano. Como foi levar a Cangaço e toda sua identidade sonora solidamente enraizada no Brasil para um público majoritariamente europeu?
Cangaço: Um baita experimento; um supletivo de organização e do que é o Metal do mais underground ao total mainstream. Até então tínhamos a ideia de que nosso produto era exclusivamente para exportação, por isso utilizávamos o inglês nas músicas. Fomos notando então o imenso respeito conquistado dos gringos que entendiam qual era a temática da banda e o que havia por trás da palavra Cangaço. Chegamos lá completamente inexperientes e até inconscientes do quão importante é para um artista valorizar suas raízes para ser valorizado pelos de raízes diferentes. Decidimos, ao voltar, mergulhar no desenvolvimento da proposta de fazer um som brasileiro e autêntico. Sendo esse o mais interessante dos produtos de exportação.
Primeiro full-length da banda, 'Rastros'. Incrível, assim como a arte de capa por Alexandra Jarocki.
8. Como descrever o som da Cangaço para alguém que ainda não os ouviu?
Cangaço: Se puder ouvir, ouça o som. Se puder ler, leia as letras. Se gostou, saber porque gostou, se não gostou saber também o porquê.
9. Quais seriam as duas palavras para contar a evolução da Cangaço desde a primeira demo até o EP ‘Retalhado’, lançado ainda em 2015?
Cangaço: Autoconhecimento e Compartilhamento.
10. Assim, como a MorrigaM que também estamos entrevistando pelo Oroborus, vocês fazem parte da ideia incrível que é o Levante do Metal Nativo, ao lado de outras bandas de SP, DF e RJ. Como está sendo este evento para a Cangaço?
Cangaço: Está sendo ótimo! Uma boa oportunidade para fazer novas amizades, dividir conhecimento e de juntar forças na divulgação para o trabalho de todos. Foi uma grata surpresa conhecer essas bandas, temos muito em comum no que diz respeito à proposta artística, forma de enxergar a arte e música do nosso país. Estamos todos muito empenhados em levar isso adiante e cada vez mais conseguir levar nossa cultura a outro patamar no metal nacional e mundial.
'Retalhado' e sua arte de capa impactante por Ben Ami Scopinho
11. Como está a agenda da Cangaço para o final de 2015?
Cangaço: Vamos continuar divulgando o EP Retalhado enquanto trabalhamos paralelamente em estúdio num novo álbum. Já temos algumas ideias e estamos bastante satisfeitos. Em breve vamos testar algumas músicas novas ao vivo.
12. Quais os planos para a Cangaço num futuro próximo?
Cangaço: Lançar o próximo álbum é a maior prioridade. Após o lançamento, ficaremos atentos às oportunidades. Há alguns convites para shows em algumas cidades, mas nada confirmado ainda.
13. E para finalizar a entrevista, gostaria de agradecê-los pela disposição e desejar todo sucesso para a Cangaço! O espaço final é livre pra vocês!
Cangaço: Agradecemos de todo coração pelo espaço cedido, pelas perguntas e oportunidade de expressar algumas de nossas reflexões. Gratidão pela existência do blog Oroborus e de todos da imprensa especializada na divulgação dos trabalhos das bandas autorais. São tão importantes quanto às bandas e o público na força da cena. Uma boa sorte e sucesso!
Postado por Caterine Souza
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