Localização: Taguatinga, DF, Brasil
Nájila Cristina (Vocais/Maracá)
Zândhio Aquino (Guitarra/Viola Caipira/Vocais/Instrumentos Indígenas/Teclado)
Saulo Lucena (Contrabaixo/Vocais de Apoio/Maracá)
Adriano Ferreira (Bateria/Percussão)
Gênero: heavy metal, música indígena, música regional brasileira
Nájila Cristina (Vocais/Maracá)
Zândhio Aquino (Guitarra/Viola Caipira/Vocais/Instrumentos Indígenas/Teclado)
Saulo Lucena (Contrabaixo/Vocais de Apoio/Maracá)
Adriano Ferreira (Bateria/Percussão)
Gênero: heavy metal, música indígena, música regional brasileira
Arandu Arakuaa é uma banda que conheci recentemente e logo achei sensacional o trabalho deles. A banda traz um som único, numa mescla de música indígena com metal, ao nos mostrar assim sua missão de chamar a atenção das pessoas para a natureza e para as lutas dos povos indígenas no Brasil. Acompanhem a entrevista e confiram essa excelente banda!
1. Olá, Arandu Arakuaa! Muito obrigada em nome do Oroborus pela oportunidade de entrevista com vocês. Primeiro, o nome da banda é imponente logo que sequer o lemos, mas qual seria o significado de Arandu Arakuaa? E, uma dúvida pessoal, qual a pronúncia correta dele?
Zândhio: Nós que agradecemos pela oportunidade de falar sobre nossa música. Arandu Arakuaa em tupi-guarani significa: sabedoria do cosmos, se pronuncia “arandú aracúáa”.
2. Unir a sonoridade incrível do Arandu Arakuaa ao tema central das letras – lendas das tribos indígenas do Brasil, principalmente xerente e xavante – deixa tudo ainda mais surpreendente. Se levarmos em consideração que são cantadas em tupi antigo é para deixar quem os ouve realmente maravilhados. Por que escolheram tal tema e por que torna-lo ainda mais “verídico” ao cantá-lo em tupi?
Zândhio: A cultura Xavante, Krahô, Karajá dentre outros Povos Indígenas do Cerrado, em especial a Xerente são parte da minha formação, haja vista, que nasci e morei até os 24 anos perto da Terra Indígena Xerente em Tocantins. O projeto Arandu Arakuaa é resultado de um processo natural e também um sonho antigo de chamar atenção para a cultura e a luta dos Povos Indígenas do Brasil que sofrem genocídio desde 1500.
No primeiro disco “Kó Yby Oré” optamos por compor apenas em Tupi justamente pelos brasileiros já terem alguma referência sobre essa língua. No segundo álbum “Wdê Nnãkrda” compomos também em Xerente, Xavante e uma música em Português. A diversidade de idiomas indígenas busca chamar atenção para preservarmos as riquezas que ainda temos, dentre elas as línguas que ainda resistem e as que carecem serem preservadas.
Nas nossas letras e vídeos também buscamos chamar atenção para importância de urgentemente nós reconectarmos com a mãe terra ao invés de continuarmos destruindo-a.
3. A banda atualmente conta com quatro integrantes, certo? Como foi o processo de formação da banda lá em 2008? E, em termos de influências musicais, quais referências de som cada um de vocês traz para o Arandu Arakuaa?
Zândhio: Vim morar no Distrito Federal pra montar a banda, mas antes toquei em outros projetos, entre 2008 e 2010 vários músicos foram testados para o Arandu Arakuaa. Conheci Nájila (vocal) e Adriano (Bateria) pela internet entre outubro de 2010 e janeiro de 2011. Assim que Adriano entrou na banda chamou Saulo, os dois já tocavam juntos em outros projetos.
Em termos de influências eu já tinha um direcionamento claro que era misturar Heavy Metal com Música Indígena, Música Tradicional Brasileira e Temática Indígena. Meus colegas vieram de escolas diferentes e trouxeram outras influências dentre elas: Nájila – Death Metal; Adriano – Ritmos Brasileiros e New Metal; Saulo – Rock Progressivo dos anos 70 e 80. Hoje continuamos a agregar novas influências e isso nos motivas a nos tornarmos músicos melhores.
4. O primeiro trabalho da banda foi o EP ‘Arandu Arakuaa’. Como foi produzir este EP, lançado em 2012?
Zândhio: Foi nosso primeiro trabalho gravado às pressas e com poucos recursos. A intenção era apresentar a banda e pra nossa surpresa teve uma ótima aceitação de crítica e público, pavimentando o caminho para o álbum “Kó Yby Oré” gravado em 2013.
A banda faz parte da iniciativa da banda Móveis Coloniais de Acaju
ao levar música para as escolas públicas do Distrito Federal
5. Procurando sobre a banda, encontramos os projetos que realizam em escolas. Contem-nos um pouco dessa iniciativa com o Arandu Arakuaa.
Zândhio: Temos o viés educativo cultural bem latente. É natural usarem nossa música e solicitarem nossa colaboração em trabalhos escolares e acadêmicos, isso muito nos alegra, a mim também do ponto de vista pessoal, pois sou educador com formação em Pedagogia. A título de curiosidade em cada disco do Arandu Arakuaa tem uma música infantil: Îakaré ‘Y-pe (rio dos jacarés no idioma Tupi) no Kó Yby Oré; Dasihâ Zumze (brincadeira no idioma Akwẽ Xerente) no Wdê Nnãkrda.
6. O segundo trabalho do Arandu Arakuaa foi o full-length ‘Kó Yby Oré’, lançado em 2013, no qual destaco as faixas ‘Aruanãs’, ‘Tykyra’ e ‘Gûyrá’ espetaculares demais mesmo. Como foi gravá-lo e lançá-lo?
Zândhio: Foi uma experiência incrível podermos materializar nossa música e trabalhar com o produtor Caio Duarte, grande profissional, músico e ser humano. Todo o processo foi um grande aprendizado e o resultado superou em muito nossas expectativas. Somos músicos autodidatas vindo da periferia e com bastante tempo de luta na cena, então ter um disco bem gravado e bem produzido é uma conquista imensurável.
Antes do lançamento do disco soltamos o vídeo clip da música Gûyrá e muitas pessoas gostaram e até hoje ela continua a emocionar muita gente, isso nos deu uma grande confiança.
Outra curiosidade é que compus a música Aruanãs ainda em 2003 e em todos os projetos pelos quais passei ela foi rejeitada, então saber que as pessoas estão gostando dessa música muito me emociona.
Trazendo a temática sensacional da banda até na arte de capa do incrível 'Kó Yby Oré'.
7. Vocês são de Taguatinga, DF, certo? Como descreveriam a cena do metal underground local?
Zândhio: O Distrito Federal de forma geral sempre foi conhecido por revelar grandes bandas de Metal e claro todas aquelas bandas de Rock tipo Legião Urbana, Raimundos... Aqui em Taguatinga temos, por exemplo, o Violator que é mundialmente conhecido.
Claro temos os mesmos problemas de todas as bandas independentes como a falta de espaço e infraestrutura.
8. Arandu Arakuaa foi uma das bandas sensacionais a participar na edição de 2015 do evento paulista de folk metal, Thorhammerfest. Como se deu essa experiência para vocês? Foi a primeira vez aqui em São Paulo?
Zândhio: Nossa primeira vez em Sampa. Foi uma experiência fantástica, o público foi insano! Informaram-nos que fomos a única banda que pediram bis, mesmo tendo uma banda seminal de folk metal europeu fechando o evento. Nesse show também tivemos a felicidade de gravarmos uma cena para uma série sobre o lendário Zé do Caixão que está sendo transmitida no canal de TV Space. O ator Matheus Nachtergaele (o eterno João Grilo do Auto da Compadecida) subiu ao palco durante nossa apresentação interpretando o Mojica e foi emocionante.
O ator Matheus Nachtergaele interpretando o Mojica durante o show da banda no Thorhammerfest em SP.
Foto por Sergio Scarpelli.
Foto por Sergio Scarpelli.
9. O trabalho mais recente, ‘Wdê Nnãkrda’, foi lançado bem recentemente, em Outubro de 2015. Como foi compor e gravar tal obra prima?
Zândhio: Considero que neste disco exploramos bem todos os elementos já mostrados no Kó Yby Oré (Essa Terra é Nossa no idioma Tupi), ou seja, consideramos que em Wdê Nnãkrda (Tronco de Árvore no idioma Akwẽ Xerente) temos uma banda madura. O processo de composição e gravação foi muito bem pensado e também muito orgânico e divertido. Focamos mais ainda nos climas e melodias indígenas, nas harmonias de música tradicional brasileira e nas partes heavy metal o som está mais pesado. Neste disco fizemos questão de continuar trabalhando com o produtor Caio Duarte. Pra ser honesto não acho que conseguiríamos esse resultado com outro produtor, com o Caio sempre rola uma sintonia e ética de trabalho que simplesmente funciona.
Até agora só recebemos elogios de crítica e público e estamos muitos felizes e emocionados com o retorno.
A arte de capa de 'Wdê Nnãkrda' parece convidar à todos para que o ouçam só pela postura da jovem indígena.
10. Assim como a Cangaço e a MorrigaM que o Oroborus está entrevistando, vocês fazem parte do ‘Levante do Metal Nativo’. Como tem sido fazer parte desse movimento?
Zândhio: É um projeto pelo qual temos muito carinho, pois surgiu com o objetivo de divulgar nossa cultura nativa e história e assim inspirar novas pessoas a também darem sua contribuição. Na verdade cada banda já fazia isso individualmente, mas unidos seremos mais fortes.
As bandas que integram o Levante do Metal Nativo são Aclla, Arandu Arakuaa, Armahda, Cangaço, Hate Embrace, MorrigaM, Tamuya Thrash Tribe e Voodoopriest.
11. A identidade ímpar do Arandu Arakuaa se consolida ainda mais com seus clipes feitos em meio a natureza, seja em matas ou cachoeiras. Como foi gravar o mais recente clipe para a faixa ‘Hêwaka Waktû’?
Zândhio: As letras do Arandu Arakuaa são compostas na estética da música indígena, poucas palavras, porém passando uma mensagem forte e contando uma história que é complementada pela ambiência da parte musical e visual. Fazemos questão de gravar em meio à natureza justamente para despertar o interesse das pessoas em se reconectarem com a grande mãe.
No caso do clip da Hêwaká Waktû (Nuvem Negra no idioma Akwẽ Xerente) já sabíamos que ela seria o single antes mesmo da gravação do disco, devido à peculiaridade que ela foi composta. A letra surgiu quando fui visitar amigos Xerente em Tocantins no final de 2013 e na época chovia bastante na aldeia, a música foi composta durante o carnaval de 2014 em uma região próximo ao Pantanal Sul-mato-grossense e lá chovia muito, também choveu durante todo o processo de gravação do disco Wdê Nnãkrda. Outra curiosidade é que parte do vídeo foi gravado na Aldeia Bananal (Santuário do Pajés) - DF em 19/04/2015 (dia do índio) em um ritual de homenagem a um ano da morte de seu líder, Pajé Santxiê Tapuya.
12. Como está a agenda do Arandu Arakuaa para este final de 2015? E quanto à um futuro próximo, quais os planos?
Zândhio: Em 05/12 estaremos no Goiaba Rock Festival, Inhumas – GO. Tivemos poucos shows em 2015, focamos mais na gravação, lançamento e divulgação do Wdê Nnãkrda.
Para 2016 os planos são tocar bastante ao vivo, em especial em festivais, tentar fazer uma mini tour, divulgar ao máximo o Wdê Nnãkrda e o Levante do Metal Nativo e começar a compor para o terceiro disco.
13. Para finalizar nossa conversa, gostaria de agradecê-los novamente em nome do blog e desejar sucesso para cada um de vocês e para o Arandu Arakuaa. O espaço final é de vocês!
Zândhio: Agradecemos imensamente pelo espaço cedido, foi um prazer responder perguntas tão bem elaboradas.
Gostaríamos também de agradecer a todas as pessoas que nos apoiam. Fiquem ligados nos nosso canais oficiais, lá vocês terão bastante informações sobre nossas atividades.
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Postado por Caterine Souza
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