quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Voiden: fluindo para seu primeiro álbum




















Localização: São Paulo, Brasil




Lucas "Ebheron" Gatti
(vocal/guitarra)
Junior Sagster
(guitarra)

Mauricio "Cliff" Bertoni
(baixo)
Renan "Decáz" Bianchi
(backing vocals/bateria)

Gênero: Metal

Mais uma vez, o Oroborus foi convidado a assistir a um ensaio da banda antes da entrevista. É perceptível, logo de cara, que o Voiden, mesmo que tenha uma nova formação aí, continua o mesmo: o baixo ganhou cara nova com Cliff, mas continua bem postado; a bateria, por Decáz, mantém o peso característico da banda; as guitarras, por Sagster e Ebheron, permanecem bem casadas e o vocal, meus amigos, o vocal de Ebheron segue impecável e único. Confira abaixo nossa conversa com o Voiden.



I.
Olá, Voiden! Gostaria de agradecê-los em nome do Oroborus Blog pela oportunidade de entrevistá-los novamente. Então, para começarmos nossa conversa, o que mudou na vida do Voiden desde Outubro do ano passado?


DECÁZ: Começa com a saída do Fábio. Ele estava com outros projetos. E, ocupado, não estava conseguindo priorizar o Voiden. Assim, chegamos num acordo porque vimos que já não estava rolando.

SAGSTER:  Quase na mesma época que você nos entrevistou, aquele período durante o Metal Land, o Fábio anunciou que estava ocupado com novos e outros projetos. O Cliff já tinha sido sondado antes até do Fábio, mas ele estava também ocupado naquele momento inicial do Voiden com a banda dele (Inner Voices). Quando o Fábio falou que sairia, casou de ele (Cliff) já não estar mais ocupado com o I.V e, como tudo que tem acontecido com a gente, acabou dando tudo certo, no momento certo.

DECÁZ: As ideias, os objetivos, os gostos. Ele foi um elemento bem bacana que chegou ao Voiden para somar.
EBHERON: Ele tem experiência vasta no cenário do metal. Tudo isso casou muito bem e agora temos os dois tios da banda. Classe A! (risos) Agora você, Cliff, faz parte do navio, faz parte da tripulação.

CLIFF: Entrei por causa de grana, sabe? (risos) Lembro que já tinha conversado com o Junior, mas na época estava focado em outras coisas. E até então, o Voiden nem tinha nada gravado. Só voltamos a conversar quando pintou o Metal Land. Quando escutei, achei legal pra caramba e me interessei. Pensei que poderia rolar uma parceria. Foi a sonoridade da banda que me chamou a atenção, o Voiden me chamou a atenção. E aí sim, pensei: "Pô, quero fazer o teste! Quero conhecer os caras!".





Da esquerda para a direita: Decáz, Cliff, Ebheron e Sagster. Foto por Cris Rachel


II.
Com relação a possíveis parcerias, como está o Voiden?


SAGSTER: Há contatos, mas nada concreto. As coisas estão se desenvolvendo ainda. A entrada do Cliff também foi importante em termos de visibilidade. Com o Fábio já era assim porque ele é um cara de mil projetos, então todo mundo ficava sabendo, também por ele, quem era o Voiden. Assim que o Cliff entrou, a primeira coisa que fizemos foi a (faixa) "The Curse of the Serpent God", a deixamos encorpada e o Cliff fez parte disso, e muito bem. Depois disso, fizemos alguns shows e o foco nas composições começou acontecer. O ML foi um marco, um trampolim, afinal tocamos do lado de Sepultura, Krisiun, Voodoopriest, etc. Nisso, apareceram entrevistas de rádio, apareceram blogs, vlogs, podcasts, mais shows, etc. As coisas tem tomado uma dimensão maior. Inclusive teremos novidades em breve. Insane days are coming...

DECÁZ: Depois do Metal Land que tudo começou a ganhar uma proporção um pouco maior. Foi um passo bacana para a banda essa questão de visibilidade, contatos. Cada lugar que temos passado, temos sido conhecidos e temos conhecido gente diferente, pessoas da cena.



EBHERON: Mas em termos de gravadora, nada ainda. Porque gravadoras querem discos e o nosso ainda não está pronto, porque a banda ainda é bastante independente.

SAGSTER: Exatamente. Eu fico com a parte de mídias sociais, eu e o Renan com o network e shows; Cliff faz uma ponte com a Roadie Crew e o Lucas cuida da parte principal que é de produção musical em estúdio. E nisso tudo, apesar de termos outras funções na banda, a gente procura tomar cuidado. Nós quatro analisamos tudo sempre.

EBHERON: Temos uma unidade mesmo. Todo mundo tem uma voz na banda. Agradecemos a parceria que tivemos nos trabalhos, matérias, programas e apoios da Roadie Crew, Porrada, Rock On, Metal na Lata, Whiplash, Metal na Veia, Roadie Metal, Chamas do Metal, Aquino Luthier e MMEstudio.





III.
A ideia do vlog é sensacional. É um modo do público acompanhar a banda mais de perto, é mais real e humano. De onde surgiu essa ideia?


EBHERON: Começou quando decidimos que íamos mesmo entrar em processo de composição do disco para esse ano. Aí eu pensei: "Como a gente vai ficar parado, sem fazer shows, precisamos mostrar que estamos fazendo alguma coisa". Talvez fosse uma boa o Voiden entrar nessa de vlogs porque não via nenhuma banda nacional fazendo isso frequentemente. Nosso dia a dia compondo em estúdio, no MMEstudio que tem sido no QG etc. Filmar em show é mais complicado, por conta das coisas que acontecem simultaneamente, mas rolou um vlog.

SAGSTER: É, o MMestudio tem sido nosso QG. Aqui temos maiores possibilidades, mais espaço e tempo para pensarmos nas composições. Além do bom networking, porque, por exemplo, o Edu Ardanuy dá aulas aqui. O Angra ensaia aqui. Eloy Casagrande gravando... Ou seja, é bom pra eles, né? Saber que estão ensaiando no mesmo estúdio que o Voiden (risos). Mas seriamente, é bom saber que são humanos como a gente. E nos dão sempre apoio de alguma forma.










IV.
A música que acabaram liberando para o público como uma prévia do álbum foi "The Curse of the Serpent God". Contem-nos um pouco de como foi produzir essa faixa.


EBHERON:
Essa faixa começou engraçada. Eu e o Renan tínhamos um riff, tudo no mesmo tom e parecia mais um doom metal. Junior começou a reclamar "Tá lento, tá chato, não gosto de música lenta!"


SAGSTER: E tava lento pra caralho mesmo! Eu reclamei mesmo. Daí resolvemos nos juntar na casa do Lucas, mas eu tive um contratempo e não pude ir.
DECÁZ: Então eu e o Lucas pensamos em fazer um negócio diferente com a música. Só para deixar o tio feliz, eu e o Lucas aceleramos ela.

EBHERON: Ficou pesada sim. Nessa o Cliff já estava na banda e já tinha gravado o baixo. Ou seja, já tinha dedo do Cliff no Voiden. Digamos que é a última música do arco Lovecraft do Voiden, assim com essa temática. E quando terminamos, mandamos para ele quase assim: "Vê se tá bom agora, porra!"(risos)

SAGSTER: E eu quando vi, saí pulando, já tava com o solo todo na mente: "Puta, eu amo esses caras!"







V.
Literalmente fluindo com as coisas, está vindo o álbum, o primeiro full-length do Voiden. Tem previsão de como ele será e de data para lançamento?



SAGSTER: Vai ser pesado! Cinco músicas estão aí, quatro delas já fechadas, temos mais alguns esqueletos e já começamos a mexer na sexta faixa. Serão 10 músicas novas. Não aproveitaremos nada do EP, porque é passado.  É claro que vamos continuar tocando ele! Temos pretensão de que até Fevereiro saia. Será o primeiro trabalho com todos nós compondo e as músicas estão ficando... Pesadas e rápidas.

EBHERON: Isso, não é mais algo conceitual. O disco está bem aberto na temática. Temos ideias a rodo, daí para juntar e discutir tudo demora. Como sou o cara que escreve as  letras, eu falei: "Bom, tá na hora de mudar um pouco e escrever sobre coisas diferentes!". Bem, vocês verão na hora que sair o álbum.





VI.
Vocês pretendem lançar videoclipes?

Todos, em uníssono - SIM!

EBHERON: Como dissemos na entrevista anterior, o clipe que queremos fazer é da "Antares" e um dia ele vai sair. J
á desse álbum mais provavelmente que lancemos vídeo da "The Curse of the Serpent God". Não sabemos quando, porque não tem data específica, nem nada, mas será um vídeo de "Antares". O grande problema é que, uma vez que fazemos tudo por nós mesmos, não tem quem filme e mesmo se tivesse, ninguém da banda mexe com vídeo.



SAGSTER: Temos algumas ideias e acreditamos que logo teremos novidades em relação a isso.



VII.
Com relação à perspectivas futuras, como está o Voiden?
EBHERON: A nossa prioridade agora é fechar o disco. O disco será gravado aqui no MMEstudio, mas masterizado no exterior. Ainda não tem nada certo, mas provavelmente será com o Tommy Hansen que mixou Helloween e outras dezenas de bandas.

SAGSTER: Algumas datas para shows, porém mais esporadicamente porque o disco ainda está par ser fechado. E, além disso, tem arte de capa, gravadora, se vamos querer selo ou não, etc.


Como eu disse no início da entrevista, teremos novidades em breve e coisas boas estão para acontecer. Temos a sorte de termos um time muito bom nos cercando, contatos com pessoas certas. Logo menos, tem mais.






VIII.
Como vocês descreveriam a evolução do Voiden em termos de som desde o EP até esta etapa de pré-lançamento do álbum?

DECÁZ: Certamente, riffs mais elaborados.

EBHERON: Musicalmente falando, os arranjos estão mais maduros. A banda está mais madura. E quanto a isso, todos contribuem.

SAGSTER: Uma coisa que eu e o Renan sempre conversamos é que nunca o próximo álbum será menos pesado que o anterior. Será sempre uma evolução.
Algo parecido com o que aconteceu com o Pantera (risos). Sempre virá mais destruidor que o último.

EBHERON: Daí a gente vai ter que lançar um álbum ruim no meio que é para resetar tudo (risos)

DECÁZ: Isso funcionaria como uma estratégia para ter uma margem (risos)







            Em Julho, Voiden nos palcos do Mineiro Rock Bar, em Osasco. Foto por Cris Rachel.


IX.
O que vocês tem percebido de diferente dos primeiros shows para os mais atuais?


EBHERON: Temos tocado em lugares diferentes. Temos apresentado as músicas novas e elas tem sido recebidas tão bem quanto o EP. Hoje temos um setlist só nosso. Claro, um ou outro cover dependendo do nosso humor...

DECÁZ: Dependendo do humor do Junior, né? (risos). Isso só quer dizer que cover não é mais uma necessidade para o Voiden. Tocamos às vezes aqueles que a galera gosta, mas temos evitado ao máximo.

SAGSTER: Agora as pessoas, o público tem conhecido o Voiden. Tem gente de outros estados nos chamando para tocar lá, mas o Voiden ainda é uma banda pequena, com apenas um EP e independente, uma banda na qual tudo que fazemos ainda sai do nosso bolso. Mas sim, tem tido mais público e as pessoas tem procurado, tem prestado atenção no que temos feito. É para isso que temos feito a correria!

EBHERON: Tudo tem acontecido bem devagar conosco, mas essas coisas não podem mesmo acontecer rápido porque na mesma velocidade que vem, na mesma velocidade vão. Em breve poderemos ir até outras cidades e mostrar ainda mais nosso trabalho. Como o Junior disse, teremos novidades em breve.



X.
Quais recomendações do underground vocês fariam a um fã de metal?

Imminent Attack
Torrencial
Mork Visdom,
Sephion
Espera XIII
Keryx
Eyes of Beholder
Rippery
Shotdown
Evil Sense



XI.
Um sonho coletivo do Voiden?

SAGSTER: Ah, dormir junto! (risos)

EBHERON: Uma banheira de Coca-Cola! (risos)

DECÁZ:
Uma piscina de cheddar e bacon! (risos). Agora, sério... Acho que posso falar isso por nós todos. Nosso grande objetivo, nosso grande sonho é nos tornarmos algo além de mais uma banda. É ser uma das bandas, assim, lembradas no Brasil. Daquelas que fizeram história, que tiveram o reconhecimento devido. Uma daquelas bandas que se destaca por seu trabalho, sua história.

SAGSTER: A partir do momento que conseguirmos fazer do Voiden algo que seja full-time, vai ser ótimo.

EBHERON:
Aí será o sonho porque de verdade estaremos vivendo de música. Temos trabalhado para isso. Temos tentado tomar os passos certos para isso.





XII.
Quais bandas sonham em dividir palco?

DECÁZ: Slayer!

EBHERON: Kreator!

CLIFF: Black Sabbath!

SAGSTER: Megadeth!



XIII.
Que marcas de instrumentos e aparelhagens vocês usam?

Fender, Yamaha, Jackson, Oreon, Destroyer, BC Rich, Dunlop (palhetas personalizadas pelo Palhetas Online)




XIV.
Como anda a agenda do Voiden?


DECÁZ: Por enquanto, nenhum show confirmado, mas estamos abertos à propostas.
Mas, em breve teremos datas.

SAGSTER: Por conta da nossa prioridade, que é o disco.

EBHERON: Mas mais vlogs, com certeza...




XV.
Tendo dois integrantes de uma geração e dois de outra, como se dá esse encontro de experiências no Voiden?



DECÁZ: Uma coisa que acho legal deles trazerem para o Voiden é uma experiência de momento, que pra mim e para a geração minha e do Lucas não existiu. Esses caras viveram o momento. Pegaram o movimento, os shows, as bandas todas surgindo lá nos anos 80. Acho muito legal isso. Cliff conta as histórias, Junior também. É um pessoal que viveu essa época.

EBHERON: Tudo metaleiro e metaleiro não envelhece, então, no final das contas, não interfere. Viveram o old school quando não era old school, quando era novidade.

SAGSTER: E o contrário também é legal. Lucas e Renan trazem bandas novas e diferentes para a gente ouvir. Coisas que a gente às vezes não conhece.

DECÁZ:
É legal esse diálogo. Eles trazem uma influência e experiência mais antiga e a gente um traço mais atual. Daí mistura tudo, vira uma massa, dá uma refogada, em banho-maria e vira o Voiden.




XVI.
E para fechar nossa conversa, gostaria de agradecê-lo novamente pela oportunidade de assistir a um ensaio de vocês e de entrevistá-los novamente. O espaço final é livre e é com vocês, Voiden!

SAGSTER: Queria agradecer todas as bandas que já tocaram com a gente, todas. Pessoal que se dedica e organiza shows no underground. A galera de Santos, de Osasco, galera do Brasil todo que tem dado apoio para a gente em todas as mídias sociais. Galera da gringa também sempre com feedback. Porque sem vocês, a gente não teria motivos de estar aqui, sabe?

CLIFF: Bom, queria agradecer a você, Caterine, e em geral ao pessoal de blogs, revistas e aos que comparecem, ouvem e divulgam nosso trabalho.

DECÁZ: Estamos aí sempre que você precisar!

EBHERON: Minha mensagem é: "MMEStudio, o seu espaço para gravações e ensaios! Venha produzir com o guitarrista do Voiden!" (risos). Agora, para toda a galerinha que tá começando, seja quem tem banda, quem tem blog, quem tem qualquer coisa nesse meio, continuem fazendo. O metal vive disso. O metal e a gente vive disso. A gente vê o amor das pessoas que dão o sangue para que o metal seja possível. Para vocês: vão fundo! Estudem e não segurem o microfone pela cápsula, senão vou pessoalmente bater em você (risos)







Postado por Caterine Souza