quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Haloperidol: peso, brutalidade e feeling nos temas melódicos





















Localização: São Paulo


Lucas Sansil (vocal)
Jack C. Daniels (guitarra)
Victor (guitarra)


nero: death metal

Haloperidol é uma banda paulistana que faz parte dos tesouros em termos de música que mais existem no underground. Extremamente bem feito é o death metal produzido por eles. Um death metal melódico com vocais pesados e brutais foi o que vi na primeira apresentação deles no Caveira Velha, em Jandira-SP. Confira aqui a entrevista que o blog fez com eles!


 
I. Olá, Haloperidol! Primeiramente, muito obrigada em nome do Blog Oroborus por esta entrevista com vocês. Segundo a própria página da banda no Facebook, Haloperidol é nome de um remédio utilizado para controle de distúrbios psicológicos, entre outros. Por que escolheram este nome para a banda?

Lucas Sansil: Nós que agradecemos o contato de vocês e a atenção dada ao nosso trabalho. Quando eu e o Jack estávamos procurando por um nome, nunca tínhamos pensado em algo assim. Então, na casa de uma amiga nossa estávamos escutando uma banda de uns amigos, Itself, um death metal bem trabalhado, e por incrível que pareça são somente dois caras na banda, e vimos uma música deles chamada "Haloperidol". Então, buscamos fontes, fomos atrás do que era e batia com o que escrevíamos nas músicas. Achamos legal juntar a nossa temática com o nome da banda, então decidimos por esse nome. Algumas pessoas acharam engraçado, outros caçoavam, mas não sabem o verdadeiro motivo e o porquê do nome. Juntando nossa musicalidade, mais o que significa, soa até meio obscuro e brutal. (risos).



II. O primeiro contato que tive com a banda, não foi via internet ou através de show, foi pelo logo do Haloperidol na camiseta de alguém andando por aí. E, de cara, já me impressionou, justamente pelo logo. Quem o criou? E como foi adaptar segundo à proposta de som da banda?

Jack C. Daniels: A banda já havia lançado a primeira música demo "Blood Hand", mas ainda não tinha uma fonte ou um logotipo fixo. Usávamos uma fonte provisória criada e editada por mim mesmo, apenas para preencher o vazio visual do nome da banda. Não muito depois do lançamento da primeira demo, um conhecido nos entregou um rascunho de uma ideia para uma nova fonte, como havíamos pedido anteriormente, pedimos que criasse algo agressivo, que combinasse com a proposta e com a cara da banda, mas que fosse o mais legível possível, que não houvesse dificuldades para decifrar cada letra e entender o que se está escrito, pois a característica de muitas bandas de metal extremo é ter seus logotipos pratica ou completamente ilegíveis (risos).

Ele nos entregou esse rascunho com a base da fonte que usamos atualmente. No mesmo momento, já gostamos do seu formato e como se destacava a letra "E", pelo seu tamanho visivelmente maior, sua duplicação espelhada e exatamente no meio da palavra, não tivemos dúvidas que aquele seria o logotipo oficial. Pegamos o vetor desse rascunho no computador e eu mesmo editei no Photoshop o alvo atrás da letra "E" e o fiz parecer escorrer. Como vermelho é minha cor favorita, foi a primeira que pensei que melhor adequaria. E, pronto, fonte e logotipo estavam sendo oficializados.




III. Haloperidol é uma banda relativamente nova se tratando da data a formação que, segundo o Encyclopaedia Metallum, é 2012. Como foi agregar pessoas para a banda? Quais influências cada um de vocês trouxe ao Haloperidol?

Jack C. Daniels: Infelizmente, a Haloperidol nunca teve muita sorte com formações desde quando começou a procurar integrantes. A Haloperidol começou através do Lucas e de mim após minha saída de uma banda da adolescência. A princípio nós que fazíamos tudo, como criar, gravar, divulgar e tudo que geralmente se faz para encaminhar uma banda, ou seja, éramos mais o que suficiente para que que a banda produzisse, mas as únicas coisas que eram um problema, é que para shows não poderia ser apenas o Lucas e eu; e também não poder ter outras visões e influências musicais que posteriormente o futuro integrante agregaria a banda. Então, através de divulgações e indicações tivemos o privilégio de trabalhar com excelentes musicistas e ótimas pessoas. Infelizmente, cada um que passou pela Haloperidol não trabalhava da mesma forma que a banda trabalhava e não conseguíamos manter a permanência por este motivo, sempre visando o profissional e não nos apegando ao pessoal, mas entre tempos e tempos, testes e conversas, acredito que agora estamos com as pessoas certas.

Sobre as influências, até agora a Haloperidol roda de acordo com o que o Lucas e eu temos como gosto e referência. Gostamos praticamente dos mesmos estilos musicais e, da maioria das bandas, uma coisa ou outra muda, mas nada de muito diferente. Agregando tudo que nós  temos como referência, tudo influencia a Haloperidol tem um pouco da cada coisa, assim como, Groove, Death, Heavy, Power, Thrash, Southern Metal e etc. Sempre com a mente aberta, não só para as vertentes do metal, mas para toda música num geral.



IV. Também segundo a página da banda, a temática lírica do Haloperidol compõe-se basicamente de: “[...] Letras que geralmente tem temas direcionados a psique, distúrbios e insanidades da mente, a decadência humana perante o universo e seus semelhantes. [...]”, além de abordar religião, sem focar especificamente em alguma. Por que escolheram estes assuntos para tratar nas músicas da banda?

Lucas Sansil: Geralmente falamos o que pensamos, o que vemos que acontece com a humanidade. Seria a nossa visão de tudo. Isso é como um livro aberto, um universo de caos, vazio, crenças, hipocrisia. A mente humana é uma máquina de produzir o bem ou o mal, isso depende do significado de tudo para a pessoa. Então, não haveria um tema melhor para abordar do que a decadência humana, achamos uma coisa muito complexa, difícil de falar sobre, difícil de se expressar, mas foi o que se encaixou perfeitamente para cada música que compomos.




V. Como são os processos de composição do Haloperidol? Compõem separados e depois unem as ideias ou não, todos juntos contribuindo ali ao mesmo tempo?

Jack C. Daniels: Desde o início da banda até o presente momento, eu sou o principal compositor dos instrumentais e divido as composições das letras com o Lucas. Geralmente, eu componho sozinho, até prefiro, crio as guitarras e baterias de todas as músicas, o baixo não dou tanta atenção para criar, vez ou outra apenas, mas todas as vezes que vou escrever as partituras e tablaturas de alguma ideia nova, escrevo guitarras e baterias sempre, sem exceção.

Após finalizar toda a escrita da ideia nova, eu mostro para o resto da banda esse instrumental e deixo aberto às opiniões para uma melhora, para acrescentar, tirar e assim por diante. Feito isso, selecionamos o texto que melhor se adapta com o andamento da melodia e os tornamos um só. Vez ou outra, quando alguma ideia está parada, incompleta, o Lucas me da um apoio nas criações, dando opiniões e ideias, ajudando a encontrar a luz em meio a escuridão da criatividade.
Quando está tudo de pleno acordo, gravamos nós mesmo uma demo para estudo. Assim, vamos escutando e pensando se ainda precisamos moldar algo para ter o produto final perfeito e fechá-lo nas gravações oficiais.




VI. O primeiro trabalho saiu recentemente, em 2014. O EP ‘Amnésia’ é sem dúvida um trabalho poderoso. Composto de cinco faixas muito bem elaboradas e dispostas de forma perfeita ao longo do disco. É uma obra e tanto quando analisada como um todo, mas que vale muito a pena destacar a intro de “Amnésia” que abre o EP de forma quase suave, para logo dar espaço a pedrada que é de fato o som. Além de “Rise Again” e “Possessed”, uma faixa de nome incrível não poderia deixar de ser uma sensacional faixa para se fechar o EP. Como foi compor e gravar esse EP?

Lucas Sansil: Eu e o Jack não tínhamos muitas coisas, mas tentamos dar o nosso melhor gravando esse EP,. pois estávamos literalmente "quebrados" (risos). Gravamos tudo em minha casa praticamente, só nosso antigo baixista que gravou suas partes em sua própria casa. Nós tentamos gravar da maneira mais simples o possível, sem tanta edição, efeitos, bem cru mesmo. Fiz uma mix simples, masterizamos e lançamos, realmente foi uma correria total, grava e regrava, muda aqui, faz de outro jeito ali, mas no final de tudo, o resultado foi o esperado, um som melódico com vocais mais brutais.

VII. Ainda sobre o EP, este foi resenhado por alguns blogs, como Arte Metal, Som Extremo e o famoso Whiplash. Como este feedback para o ‘Amnésia’ é encarado por vocês?

Lucas Sansil: Ficamos felizes de ter chegado "longe". Porque não tivemos tanta divulgação, meio que nos surpreendeu uma vez que tivemos feedback até de fora do país. Isso, com certeza, deixa qualquer músico dessa cena feliz. Muitas resenhas foram feitas e isso superou nossas expectativas. Pessoas gostando do nosso som, nos chamando para conversar, falar sobre, muitas criticas, mas alcançamos nosso objetivo. Creio que foi um ótimo lançamento.




VIII. O primeiro show que assisti do Haloperidol também foi o primeiro show da banda e já foi de uma qualidade excepcional. Como foi para vocês essa primeira experiência que teve palco no Caveira Velha, Jandira – SP?

Lucas Sansil: Agradeço as palavras, para nós foi muito bom, apesar de não ter sido como esperávamos. Dois de nossos integrantes nos deixaram na mão na semana do show, conseguimos fazer o show com dois de nossos amigos cobrindo: Lucas Cassero (baterista do Spreading Hate) e o Thiago (amigo do Victor). Apesar da correria, conseguimos nos apresentar e foi uma boa experiência para nós. O lugar e a qualidade do som nos favoreceram. As pessoas e amigos que compareceram nos ajudaram demais também. Foi um bom show, apesar de tudo.



IX. Além do Haloperidol, quais bandas do underground vocês indicariam a um fã de metal?
Lucas Sansil: São tantas que até nem sei qual indico, mas vou citar algumas: o Spreading Hate, que eu gosto muito, é um death metal melódico de primeira. Desdominus que é uma mistura doida de death, black e melodias fantásticas. Necromesis, também o bom death prog do Deadpan, D.A.M, Black Laguna, Espera XIII, HellArise, Itself, Power Vision - de um power metal muito bom - , Warsickness, Infuria.  São várias, não tem como citar todas (risos).



X. Se fosse para nomear um sonho coletivo de vocês enquanto banda, qual seria?

 Lucas Sansil: Com certeza, tocar no Wacken.




XI. Qual frase definiria o som do Haloperidol, descrevendo-o para quem ainda não tenha ouvido?

Jack C. Daniels: A Haloperidol é uma banda de peso, agressiva e brutal, com temas melódicos, rápidos, cadenciados e técnicos, mas sempre visando o "feeling" acima de tudo, enraizando características particulares na cerne de cada música.




XII. Como está a agenda de vocês para 2016? E, acompanhando o Facebook do Haloperidol, vemos que vocês já estão trabalhando em um novo single, certo? O que estão preparando e esperando de um futuro próximo?

Lucas Sansil: Bom, para 2016 pretendemos fazer muitos shows, conseguir espalhar mais o nome da banda. Não marcamos nada ainda por estarmos nos estruturando com os novos integrantes, mas logo começaremos os shows. Estamos gravando um single que estará em nosso próximo trabalho. Estamos desenvolvendo as ideias de um clip também.




XIII. E para fechar nossa conversa, gostaria de agradecê-los novamente pelo tempo e disposição de vocês. Desejo sucesso a todos e ao Haloperidol em nome do Blog Oroborus. O espaço final é livre para vocês!

Jack C. Daniels: Gostaria de agradecer a oportunidade e a moral que nos deram. É sempre muito gratificante quando seu trabalho é reconhecido, ainda mais depois de ter sido um tão árduo. Isso só incentiva a continuar na luta, pois enquanto houver ao menos uma pessoa que realmente goste da banda, todo o trabalho valerá a pena e não terá um fim.
Parabéns pelo trabalho que o Blog oferece! É disso que o país precisa, de pessoas que façam acontecer, que apoiem e que deem oportunidades para aqueles que sonham, mas não podem tornar esse sonho realidade.
Lucas Sansil: Gostaria de agradecer a cada amigo, cada pessoa que curte a Haloperidol e segue apoiando nosso trabalho. Agradeço muito ao blog pela atenção. Ficamos felizes de ver nosso trabalho ganhando espaço e sendo recebido desse jeito. É muito rock!




Postado por Caterine Souza

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