domingo, 15 de maio de 2016

Vulture: o agressivo death metal através dos olhos do abutre


Localização: Itapetininga, Brasil

Adauto M. Xavier (guitarra solo, vocais)
Yuri Schumann (guitarra base, backing vocals)
André M. Xavier (bateria)
Max Schumann (baixo)

Gênero: death metal

I. Olá, Vulture! Primeiramente, muito obrigada pela oportunidade de entrevista com vocês em nome do blog Oroborus. Pesquisando sobre a banda, descobrimos que já teve o nome de ‘Damnation’, de 1995 a 1996, certo? Como foi encontrar um nome certo para a banda e consolidá-la Vulture?

Adauto: Não foi uma tarefa muito fácil encontrar um nome para a banda, eu com o Marcelo, membro que fundou a banda comigo, sugerimos muitas opções, mas sempre que fazíamos uma pesquisa, lembrando que a internet não era tão difundida naquela época, encontrávamos alguma banda com o nome sugerido. Fechamos em Damnation mas após um tempo descobrimos que já havia uma banda de Death Metal com esse nome. Voltamos à estaca zero, peguei um dicionário em inglês e comecei a pesquisar por nomes curtos e simples, mas que não seguisse muito o padrão de nomes utilizados na época, algumacoisaITY ou algumacoisaTION. Cheguei em Vulture, gostei de cara, não conhecia nenhuma banda de Death Metal com nome de animal, mas o abutre tem uma ligação muito próxima com a morte, ele precisa da morte para viver, achei que fez um link perfeito com o estilo. Apresentei para o Marcelo, ele gostou, fizemos algumas pesquisas, não encontramos nada e assim ficou. Hoje sei que existem outras bandas Vulture espalhadas pelo mundo, mas acredito que devemos estar entre as mais antigas.



II. Assim como Krisiun entre outras bandas no mundo do metal e da música em geral, vocês tocam entre irmãos. Como é ter uma família de banda que também é família de sangue?
André: Acho que as coisas facilitam bastante pois mantemos mais contato por estarmos em família e conseguimos resolver muitas coisas por já conhecermos uns aos outros, por outro lado muitas vezes nos tratamos como irmãos e não como membros da banda e em alguns momentos isso pode atrapalhar, mas, sem dúvida, o fato de estarmos em família ajuda muito no entrosamento da banda.

Da esquerda para a direita: Max, André, Adauto e Yuri.



III. Agora, em termos de influências musicais, o que cada um de vocês traz para o Vulture como referência de som?

André: Eu sempre fui muito ligado ao Death Metal dos anos 90, então poderia colocar como minhas principais influências bandas como Hypocrisy, Deicide, Sinister, Morbid Angel, Malevolent Creation entre outras; porém, sempre escutamos (acho que isso poderia dizer por todos da banda) as variações de estilos do metal como heavy, thrash, doom, black, e sempre com cada um pendendo para um gosto. Recentemente tenho escutado Death Metal mais técnico em que meu irmão (Adauto), por exemplo, não curte tanto. Mas acho justamente que essas diferenças e abrangência de estilos que o Death Metal envolve que nos moldou naturalmente para esse estilo.



IV. Uma curiosidade pessoal que tenho é sobre logos de bandas. Como foi criar um logo que representasse o Vulture?

Adauto: O primeiro logo foi feito à mão mesmo, na bic, mas ficou muito tosco, quando o Lucas, nosso primeiro baixista, entrou para a banda, ele estava fazendo um curso de Corel Draw e resolveu fazer uma versão vetorizada, é praticamente a mesma versão que utilizamos até hoje. Em 2004 eu fiz uma reestilização diminuindo um pouco a altura do V e do E, deixando o logo mais proporcional horizontalmente, mas ainda é o mesmo logo criado pelo Lucas em 96.




V. Metallum nos informa que os temas centrais das letras do Vulture são morte, violência, raiva e religião, sendo este último tema no qual destaco a letra incrível de ‘Abençoado Seja o Homem Ateu’. Por que estes tópicos foram escolhidos para preencher as músicas no estilo death metal do Vulture?

André: Geralmente é o Adauto e o Yuri que escrevem as letras, e de uma maneira geral refletem o pensamento de todos na banda quando se trata da injustiça e escravidão promovida pelas religiões e a política corrupta do país; é uma forma de expressar essa angústia que presenciamos no dia-a-dia. Entretanto, em outras letras é possível ver um caráter mais pessoal que representa mais a visão de vida deles.




VI. Vocês lançaram algumas demos antes do primeiro álbum full-length. Foram trabalhos incríveis no qual destaco o trabalho ‘A Call for the Ancients’. Como foi compor e produzir estes primeiros trabalhos com o Vulture?

Adauto: Sempre gostei muito de compor e, desde o início da banda, acabei puxando essa responsabilidade mais para mim, compunha as músicas em casa e levava aos ensaios para lapidar, encaixar a bateria e finalizar com o pessoal. Eu encaixava as letras do Marcelo e do Felipe, o Lucas encaixava as dele, praticamente trabalhamos dessa maneira até hoje, somando que hoje escrevo algumas músicas junto com o Yuri e algumas ele já traz prontas da casa dele.

O “A Call for the Ancients” talvez seja o material mais importante da banda, pois foi nele que chegamos à identidade da Vulture, foi um marco para nós, todo material lançado após o “A Call for the Ancients” contém os traços dele, é claro que estamos evoluindo o tempo todo, acabamos agregando novos elementos, mas as guitarras dobradas, as passagens melódicas, as variações de bateria mesclando brutalidade e cadência, são as bases da nossa música até hoje, adoramos esse álbum e pretendemos regravá-lo futuramente.




VII. Vocês são de Itapetininga - SP, certo? O que pensam da cena underground do metal no estado de São Paulo?
André: Eu particularmente sempre curti a cena underground de São Paulo, mas sempre nos debatemos com lugares em que lotavam a casa e outros que tinham um público mais reduzido, além de ser algo que também depende da organização do festival em si; então de certa forma acho que sempre foi muito variado. Já recentemente houve uma queda muito grande no público nas cidades do interior de São Paulo e não apenas em São Paulo, mas em outros estados também. Acho que isso pode ser devido a oferta de mais shows internacionais no Brasil do que antigamente e recentemente têm surgido muitas bandas cover hoje em dia; o interessante é que esta situação acaba fazendo uma seleção da galera que realmente curte e apoia o underground e a galera que está mais de “passagem” no movimento.


'Test of Fire' tem uma das artes de capa mais lindas que já vi para primeiro full-length de uma banda.



VIII. O primeiro álbum do Vulture foi lançado em 2005. Como foi compor, gravar e lançar ‘Test of Fire’?
André: Estávamos bem empolgados para lançar o Debut e vínhamos trabalhando nas músicas desde a última Demo gravada (Hellraised Abominations). O Adauto trazia as composições nos ensaios e trabalhávamos nos arranjos das músicas, inclusive gravando com alguns microfones toscos as composições rs. Gravei a bateria em um único fim de semana no estúdio e como eu não tinha muita noção de gravações, usamos a própria bateria do estúdio; e algumas linhas de vocais e letras foram alteradas durante a própria gravação, então foi uma correria mas curtimos bastante o resultado e partimos para os shows de lançamento do álbum em 2005.




IX. Vocês já viajaram por algumas cidades do Brasil fazendo shows pelo que pesquisamos. Como foi essa experiência para o Vulture?

André: Foi uma experiência fenomenal! Em todos lugares que passamos fomos bem recebidos e fizemos muitas amizades, além de conhecermos bandas locais de excelente qualidade. É uma experiência única.

Adauto: O mais legal é que você acaba fazendo amizades verdadeiras, que se perpetuam por muitos e muitos anos. Antigamente mantínhamos o contato através de cartas, hoje através de redes sociais, e é sempre muito bom reencontrar esses amigos quando você volta a tocar na cidade deles ou mesmo quando vai para curtir em algum festival.


O segundo full-length da banda, 'Through the Eyes of Vulture'  já trazia esta arte de capa interessante.




X. ‘Through the Eye of Vulture’, lançado em 2008, foi o segundo full-length da banda. Como foi produzir tal obra?

André: Bom, cada um nessa época morava em uma cidade, mas o processo de composição e gravação foi bem semelhante ao do “Test of Fire”. A diferença é que estávamos mais preparados e com um pouco mais de experiência para entrar em estúdio.

Adauto: Na parte de composição, a tecnologia facilitou muito após 2002. Antigamente para criar os arranjos de guitarra, eu gravava as bases repetidas vezes em uma fita k7 e tinha que ficar toda hora voltando, era um pé no saco, sem falar a qualidade que era uma porcaria. Quando comecei a compor o Test Of Fire, já estava utilizando o computador para gravar algumas coisas, a qualidade não era tão boa quanto hoje, mas já facilitou muito a vida. A técnica de composição continua sendo a mesma de sempre, o que se aprimorou muito foram as ferramentas utilizadas para compor.



XI. Como descreveriam o som do Vulture usando apenas três palavras?

André: Death Metal Ways... haha
Adauto: Agressividade, Melancolia, Sentimento


O terceiro trabalho full-length do Vulture, 'Destructive Creation', se mostra incrível desde sua arte de capa.



XII. O trabalho mais atual do Vulture é o álbum ‘Destructive Creation’, certo? Como foi gravar e lançar esta obra prima em 2012?

André: O Destructive Creation foi uma experiência já bem diferente dos outros álbuns pois resolvemos nós mesmos fazer a gravação do álbum, então tivemos que aprender a mexer com muitos softwares de estúdio, aprender um pouco mais sobre gravação e mixagem. Estávamos em um ritmo mais lento com a banda, opiniões diversificadas, então foi difícil a produção dele mas ficamos bastante satisfeito com o resultado.


 
O trabalho mais recente da banda é 'Abandoned Haunt of Cosmic Hate', que acabou saindo antes de finalizarmos essa entrevista com os integrantes.



XIII. Como classificariam a evolução sonora do Vulture desde suas primeiras demos até ‘Destructive Creation’?


André:
Classificaria a evolução sonora como natural, pois estamos constantemente adquirindo novos conceitos musicais e influências junto às experiências pessoais que passamos, o que acaba moldando diretamente nosso som. Diria que estamos expressando na música o decurso que vivemos!





XIV. Agora para finalizar nossa conversa, gostaria de agradecê-los novamente pelo tempo e disposição em nos responder e desejar todo o sucesso para cada um de vocês e para a banda. O espaço final deixo com vocês, Vulture!

André: Gostaria de agradecer ao Blog Oroborus a oportunidade da entrevista e a possibilidade de demonstrar nosso trabalho! Lançamos nosso último álbum agora no final de 2015, intitulado “Abandoned Haunt of Cosmic Hate”, quem quiser conhecer melhor a banda ou adquirir nossos materiais, basta nos acompanhar em nossas redes sociais! Valeu e Stay underground!!

Adauto: Agradeço pelo espaço, pelo apoio e pela paciência! Um grande abraço a todos!





Postado por Caterine Souza

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